Nesse contexto de transição após uma pandemia que se alastrou sobre o Brasil e o mundo, mais efetivamente nos anos de 2020 e 2021, as relações socioculturais se tornaram mais desafiadoras para a produção de conhecimentos na Geografia, especialmente na Geografia Cultural e seu vasto campo de abordagens ligadas às categorias de análise espacial (espaço, lugar, paisagem, território), principalmente na complexidade dos fazeres geográficos de pesquisadores e pesquisadoras. Diante de tantos desafios, os estudos e produções do conhecimento geográfico geraram as maiores e mais intricadas possibilidades sobre o mundo vivido e a diversidade cultural manifestada em diferentes contextos geográficos, exigindo repensares e ações sobre tais geografias que englobam, sobretudo, os saberes e fazeres dos povos originários e tradicionais. Fatores que induzem a questionamentos sobre nossas relações com o “Outro”, e deste conosco. Ver, sentir e agir sobre tais relações enquanto sujeitos sociais que formam parte da nossa existência nos mais diversos e profundos espaços geográficos e territoriais de vivências materiais e imateriais, são a mola propulsora das perspectivas que envolvem as geografias culturais. Tudo vem se desdobrando para o papel do “Outro”, demonstrando esse “Outro” como fundamental na produção social dos espaços que (re)construímos, (re)agimos e sentimos as relações socioambientais e socioculturais. Buscamos nesse GT, reunir pesquisadores e pesquisadoras com seus trabalhos e ideias para a troca de experiências significativas frente aos desafios teóricos e metodológicos postos para a produção do conhecimento na Geografia Cultural. Aceitaremos temas que discutam abordagens, tais como: pluralismos identitários em diferentes contextos geográficos, lugar(es), representações, símbolos, processos migratórios, festas populares, festejos, religiões na sua diversidade, com especial ênfase nas manifestações religiosas de matrizes africanas, de coletivos etnográficos da floresta e de povos tradicionais; povos originários, bem-viver, lógicas de cooperação e alternativas não-mercadológicas da relação com a natureza, (com)vivências, percepções e sentimentos, espaços públicos, saberes e conhecimentos tradicionais, modos de vida. Sinalizamos, ainda, para trabalhos que abordem os impactos gerados por dois anos da Covid-19 e seu impacto sobre o mundo vivido dos/das afetados por essa moléstia que impactou milhões de vidas que na luta e resistência contra a “peste”, usaram dos saberes e fazeres do viver das populações, sejam tradicionais ou originárias. Amplia-se, assim, o leque de pesquisas com abordagens na Geografia Emocional, Geografia da Esperança ou na Geografia Espiritual ao tratarem de estudos das relações do ser humano consigo e com a natureza e, portanto, promotoras de mudanças, constituintes de bem viver que contribuem para o entendimento das múltiplas possibilidades das geografias socioculturais.
Coordenador(a):
Maria Augusta Mundim Vargas (UFS)
Josué Da Costa Silva (UNIR)
Janio Roque Barros de Castro (UNEB)
Nilson Cesar Fraga (UEL)
Maria Cristina Borges Silva (UFRJ)